domingo, 5 de fevereiro de 2012

II Parte


"Harry Potter e as Sagradas Escrituras - Parte 2"

Partimos pela autora

Como já mencionado, não podemos fazer uma análise de uma obra, especialmente de considerável extensão, sem ver o que a autora quer transmitir, sem saber suas intenções iniciais! A arte é a plasmação daquilo que trazemos em nosso interior em forma de versos, pinturas, notas, melodias, cantos, sentimentos, rimas e tudo o que é arte.
Neste caso, a arte é uma história fictícia, fantasiosa que também fala de algo que J.K. Rowling traz em seu coração, em sua vida, em sua tradição inglesa! Rowling se declara, desde todo o tempo, uma pessoa teísta: “Eu creio em Deus, não em mágica.” (2) Sua vida tem marcas de uma fé vivida dentro de uma Igreja: “Eu vou à Igreja”. (3)
Observando então que a autora se considera teísta, praticante, não temos, desde uma primeira instância porque condená-la com o fato de uma obra discípula da Wicca e coisas assim! Em todo momento, falando de seus personagens, Harry Potter foi escrito com partes da sua vida. Mas atenção: falando dos personagens e não da história: atribui, por exemplo, a Dumbledore a imagem de um antigo professor.
E por que este chamado de atenção? Porque aqui já encontramos um primeiro tema que pode ser sugerido na segunda parte deste dissertar: ela constrói Harry Potter com pessoas que marcaram sua vida, com pessoas que de algum modo, deixaram em sua alma, pegadas de algo passado, e que por tanto se faz eterno: eis aqui um dos principais temas do cristianismo: a vinculação do homem, da sociedade, a unidade, e como comunmente usada: eis a COMUNIDADE, o vínculo, o amor ao próximo que se perpetua na vida! Rowling trás a estes amigos em seu coração e os dá vida!
Não digo aqui que a autora trabalhou todos estes temas de forma consciente, ainda que ela mesma tenha afirmado que quando pensou nos personagens, pensou nas pessoas que a fizeram imaginá-los; o que quero dizer é: em nenhum momento deste trabalho estou cogitando a hipótese de que a autora tenha pensado tudo de uma forma cristã, mas sim, que como isso já tem suas raízes nela, não poderia ser de forma diferente.
E já que menciono isto, também seria válido mencionar algo com o qual podemos nos deparar ao buscar na rede de vídeos online YOUTUBE, uma conversa da autora com o protagonista dos filmes: Rowling e Daniel Radcliffe conversam acerca do livro que se tornou filme e do grande êxito que ambos encontraram (tanto livro e filme, como autora e ator). Nesta conversa Daniel formula, de uma forma que me chama muito a atenção, o tema cultural: “o que é interessante em Potter é que começou como livro. Meio que criou uma geração do mesmo tipo de mentalidade NERD, mas com um gosto para leitura e literatura” . E, em primeiro lugar, é isso o que alegra a autora: Potter faz que as pessoas, crianças, jovens e adultos leiam, e isto, sem dúvida alguma é uma colaboração enorme da autora com a sociedade. É literatura, é arte que penetra em cada ser humano e que cria essa consciência tão ausente nos dias de hoje, da importância de uma vida culta, não com sentido de classe social alta, ou com sentido político de direita, não, mas com o sentido de uma vida cheia de conteúdo, significado, entendimento, saber, conhecimento. Não vamos entrar em detalhes filosóficos, mas como não mencionar a Metafísica de Aristóteles: “Todo homem tende, por natureza, ao saber”. E isto foi um grande despertar de Potter, ao qual já poderiamos agradecer à autora e terminar por aqui, porque quantas pessoas, adiquiriram o gosto, a sede da leitura e do saber através dos livros de Potter?
Temos aqui, portanto, desde a perspectiva da autora, dois pontos a favor da obra: a vinculação humana que faz Rownling criar os personagens a partir de pessoas que se vincularam a ela e marcaram seu caminho de vida e a conquista de uma sociedade leitora de suas obras e que descobriu na leitura uma fonte de sabedoria.
E por fim gostaria de mencionar um tema que causou uma grande polêmica em seu momento e que proibiu algumas escolas de utilizarem ou possuírem os exemplares dos livros desta coleção! A Homossexualidade de Dumbledore. Este tema foi durante muito tempo uma incógnita e apenas se revelou quando a autora lançou o sétimo e último livro da coleção. Durante uma sessão de perguntas e respostas, um jovem lhe pergunta sobre o amor de Dumbledore e ela responde: “Dumbledore is gay!”. Para surpresa da autora, os fãs então começaram aplaudi-la, e ela revelou que durante a gravação do sexto filme (Harry Potter and the Half-blood Prince) teve que intervir porque queriam colocar uma suposta relação de Dumbledore com uma moça. Este tema foi de grande polêmica quando revelado e proibiu nos Estados Unidos, no Reino Unido e em muitos outros país, o uso e a posse da coleção nos colégios e a proibição por parte de algumas entidades religiosas aos seus clérigos de usá-los para pregações, homilías e tudo mais!
Mas ela foi aplaudida e com certeza temos aqui uma nova lição: Rownling mostra ser anti-racismo e anti-racistas, anti-preconceito e sem nenhum problema assume a sexualidade de seu personagem; ela como autora, conhece o mais profundo do mesmo! Ela deu até mesmo uma “boa lavada” nos que se consideram tão grandes como para proibir a coleção devido a que possua um homossexual na trama e com outras palavras e gestos, “parafraseou” o Cristo: “Não julgueis e não sereis julgados, porque da mesma medida que medires, também sereis medidos.” (4) Mesmo diante de repreensões Rownling manteve sua opinião e os livros não só continuaram, mas continuam fazendo um grande sucesso.
Se por um lado ela pode ser condenada pelas autoridades eclesiais por ser difusora da anormalidade sexual como normal, temos de outro lado sua persistência naquilo que ela acredita e por isso, se manteve fiel ao seu interior e ao interior do seu personagem; por isso já merece nosso respeito. E já que ela se manteve fiel, também eu apoio sua afirmação e não pretendo discorrer mais sobre o tema, porque este texto não se trata de uma reflexão moral sobre a sexualidade humana, do contrário poderia aumentá-lo em inúmeras páginas.
Temos aqui então cinco lições partindo da vida e da experiência de vida da autora; as enumero para que sejam notáveis e para que desde já possamos ir percebendo a normalidade e a aprovação cristã que tem a coleção:
      1. As afirmações da autora por sua crença em Deus;
      2. Vinculação humana e vivência do mandamento do amor expressado na criação de seus personagens como pessoas que marcaram sua vida;
      3. Difusão da arte literária abrangendo um grande número de pessoas que se declara adquirir o hábito de leitura mediante as obras;
      4. Um espírito de amor sobre o racismo e o preconceito;
      5. Fidelidade à sua palavra.
Junior Takanage
05.II.2012

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