Peço desculpas por não postar nada nos dois últimos dias, mas é que, como sabem, estava de férias em Santa Catarina e nos dias anteriores estive entre viagem e encontro com grandes amigos, a quem hoje dedico este post. Informo que devido a este atraso nos posts, a semana CLARICE LISPECTOR será até a segunda-feira da próxima semana! Muito obrigado e desfrutem deste tão conhecido texto!
Um grande abraço a todos, especialmente a todos os bobos que são bobos, e podem estar tranqüilos, porque não desconfiam, mas confiam ...
"O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir, tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz algum coisa, responde: "Estou fazendo, estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver.
O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: Não funciona.
Chamando um técnico, a opinião deste era que o aparelho estava tão estragado que o concerto seria caríssimo: mais vale comprar outro.
Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto estar tranquilo.
É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo..."
Clarice Lispector
jUnIoR tAkAnAgE
18.I.2012
Muito bom texto.
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