sexta-feira, 9 de maio de 2014

Acaso não ardia nosso coração?



Ando pensando em um mistério que me sobrepassa. Pensava naqueles que alguns dias depois do maior fato histórico do mundo, caminhavam rumo ao seu povoado, tristes, abatidos, conversando sobre o que havia ocorrido, comentando quem sabe suas dores, suas memórias, seus aprendizados, seus sonhos...

Eles levavam uma história vivida, tinham seguramente, em seu coração, um canto de alegria pela grande vivência que lhes foi concedida, mas também um canto fúnebre de dor e falta de esperança, pois aquele que tanto havia anunciado, morrera como mais um, ou até pior, como menos um.

Aquele que lhes havia dado um sentido ao existir, que havia ido ao seu encontro já não estava ali, já não havia um olhar que lhes acalmara, já não havia mais um sonho pelo qual lutar, já não havia um que, um para que, já não havia...

Mas de repente alguém se lhes aproxima! Começa conversar e desentendido que se faz, se apresenta e, espera talvez que eles o reconheçam pelo olhar! Mas a dinâmica estava tão mudada, suas almas, quiças, tão fechadas a uma realidade cruenta presenciadas e inesquecíveis, que não era possível perceber de quem se tratava.

No entanto, se tratava de um bom amigo, alguém que era digno de ao cair a tarde receber o convite para permanecer com eles, pois o caminho se faria perigoso! É, realmente, não haviam reconhecido, mas se permitiram uma chance de vivenciar um pouco mais do que fora aprendido, dando a este homem, “que sabe-se lá quem era”, uma hospitalidade, uma mostra de amor!

E aí se faz toda diferença! Pois eles novamente abrem em sua vida um convívio, ainda que num curto espaço de tempo, onde o partir o pão faz tornar-se notável que ali, quem estava, era aquele que lhes devolvia a esperança aos olhos, os sonhos ao coração e fé de uma vida que valeria pra sempre ser entregue!

Ele se colocou junto deles, caminhou com eles, como podem não havê-lo reconhecido? Afinal, tanto vivenciaram, tanto se olharam, tanto conversaram antes de que tudo passasse... é justamente isso que me sobrepassa! Este mistério que anuncia que muitas vezes, não é a forma com que se fala, ou talvez, não é o simples olhar o que marcamos nos demais. Pode ser que a dinâmica do encontro muitas vezes não funcione nas palavras, mas funcione no partir o pão.


JUNIOR TAKANAGE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página