Ando pensando em um
mistério que me sobrepassa. Pensava naqueles que alguns dias depois
do maior fato histórico do mundo, caminhavam rumo ao seu povoado,
tristes, abatidos, conversando sobre o que havia ocorrido, comentando
quem sabe suas dores, suas memórias, seus aprendizados, seus
sonhos...
Eles levavam uma
história vivida, tinham seguramente, em seu coração, um canto de
alegria pela grande vivência que lhes foi concedida, mas também um
canto fúnebre de dor e falta de esperança, pois aquele que tanto
havia anunciado, morrera como mais um, ou até pior, como menos um.
Aquele que lhes havia
dado um sentido ao existir, que havia ido ao seu encontro já não
estava ali, já não havia um olhar que lhes acalmara, já não havia
mais um sonho pelo qual lutar, já não havia um que, um para que, já
não havia...
Mas de repente alguém
se lhes aproxima! Começa conversar e desentendido que se faz, se
apresenta e, espera talvez que eles o reconheçam pelo olhar! Mas a
dinâmica estava tão mudada, suas almas, quiças, tão fechadas a
uma realidade cruenta presenciadas e inesquecíveis, que não era
possível perceber de quem se tratava.
No entanto, se tratava
de um bom amigo, alguém que era digno de ao cair a tarde receber o
convite para permanecer com eles, pois o caminho se faria perigoso!
É, realmente, não haviam reconhecido, mas se permitiram uma chance
de vivenciar um pouco mais do que fora aprendido, dando a este homem,
“que sabe-se lá quem era”, uma hospitalidade, uma mostra de
amor!
E aí se faz toda
diferença! Pois eles novamente abrem em sua vida um convívio, ainda
que num curto espaço de tempo, onde o partir o pão faz tornar-se
notável que ali, quem estava, era aquele que lhes devolvia a
esperança aos olhos, os sonhos ao coração e fé de uma vida que
valeria pra sempre ser entregue!
Ele se colocou junto
deles, caminhou com eles, como podem não havê-lo reconhecido?
Afinal, tanto vivenciaram, tanto se olharam, tanto conversaram antes
de que tudo passasse... é justamente isso que me sobrepassa! Este
mistério que anuncia que muitas vezes, não é a forma com que se
fala, ou talvez, não é o simples olhar o que marcamos nos demais.
Pode ser que a dinâmica do encontro muitas vezes não funcione nas
palavras, mas funcione no partir o pão.
JUNIOR TAKANAGE
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