quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Igreja que amamos...


Escrevi este texto no começo do ano, quando aqui no Chile o tema do sacerdócio estava muito questionado devido a todo o tema dos abusos sexuais e perguntas com relação ao celibato e tudo o que conhecemos. Não tinha pensado publicar, mas diante das vozes que Deus coloca em nosso tempo e em nossa vida, também em nosso coração, aqui vai... não é tão longo e tem um sentido, para mim, muito profundo... Saudações a todos!!! Junior

Em meio a tantos afazeres, estudos, trabalhos, em meio da rotina pode ser que muitas vezes deixemos “passar em alto” todas as “revoluções” que temos vivido em nossa vida pessoal, em nosso entorno social e até mesmo na nossa Igreja.

Essas “revoluções” não podem ser deixadas de lado, mas sim devemos buscar escutar a voz de Deus que fala também através delas, é a voz do tempo.

Nossa Igreja passa por momentos de provações profundas, passa por questionamentos, vergonhas, e nossa tendência nestes momentos é fazer-nos alheios à realidade, dizer que é uma realidade que não é nossa, deixar “para que o Papa resolva estes problemas”. Queremos ou tendemos fugir de uma realidade que nos pertence, de uma realidade que é nossa, que nos envolve e que pede que assumamos as coisas como realmente são.

No fundo, se trata de sofrer com a Igreja, com a Igreja que nós escolhemos, com a Igreja de Cristo, Igreja que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” 1, e além de sofrer, buscar enxergar todas as coisas lindas que Deus realizou e segue realizando em nossas vidas através dela.

Em Fátima (Portugal), o Santo Padre atribui toda essa realidade de sofrimentos ao terceiro Segredo da Santíssima Virgem revelado aos pastorinhos e pede aos sacerdotes e seminaristas a fidelidade ao ideal sacerdotal, o ideal do Bom Pastor, o ideal que os levou, em sua maioria durante a juventude, a entregar-se por inteiro ao Cristo da Cruz e da Ressurreição... Esse pedido do Santo Padre não deve permanecer somente nas alas “internas” da Igreja, mas deve sim ser assumido por todos nós como um convite a permanecer fiéis ao chamado de Cristo em nosso ser católicos, ao nosso amor a Ele, à sua Mãe e à Igreja, seu corpo místico, sua Esposa.

Como Igreja, nos tornamos Esposa do Senhor e se observamos o matrimônio em sua excelência, em seu ideal original, a promessa que se faz no altar é uma promessa de Fidelidade “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, e em todos os dias de nossa vida”. Essa deve ser nossa atitude frente a esta vivência tão dolorosa da Igreja: assumimos a dor da Igreja como nossa dor e não por isso deixamos de proclamá-la como Igreja de Cristo, Igreja do Amor, mas ao contrário, devemos cultivar um “são orgulho” de que mesmo em meio a tantas lutas, Cristo não cessa de dar-se, uma e outra vez, no altar da Eucaristia como nosso alimento, como alimento que não quer fazer-nos passar do choro ao sorriso como um passe de mágica, mas como alimento que se faz presente em nós e nos acompanha em todas as alegrias e “revoluções” que levamos dentro do nosso coração.

Por outro lado, temos uma missão que anunciar:

Nosso Pai Fundador diz que “à sombra deste Santuário se decidirão o futuro da Igreja e do mundo pelos séculos” e também temos a missão do anúncio de Maria, do Reino de Maria, o anúncio da Aliança de Amor, aliança que educa, aliança que forma.

Maria, desde o nosso Santuário, é resposta para este tempo e para os séculos. E nossa Missão aqui deve ser a de anunciar o Mistério da nossa Aliança de Amor à Igreja. Não à Igreja enquanto hierarquia, mas à Igreja que somos todos nós. Uma oração diz: “Maria é a resposta porque para nós foi resposta” – Ela quer continuar sendo resposta, quer continuar educando ao homem do século XXI, quer seguir levando seus filhos, aos que de verdade se entregam à Ela, para mais perto de Cristo.

Somente com Ela podemos entender e escutar as vozes de Deus, e somente através de uma profunda vivência da Aliança de Amor poderemos seguir sendo fiéis à nossa realidade de ser Igreja, a Igreja que nós escolhemos para amar e que fomos escolhidos para dar testemunho e defender: “Ave Imperatrix, morituri te salutant”.

---

1 Mt. 16,18



Um comentário:

  1. Que bela iniciativa de criar esse blog, para divulgar belas mensagens da nossa Igreja.
    Porque a imprensa só divulga quando um padre faz algo errado e não mostra que nossa igreja, tem vários asilos, casa de recuperções de drogados, hospitais, etc.
    Abraços.
    Geraldo Takanage.

    ResponderExcluir

Total de visualizações de página